12 de out. de 2011

A viagem - Parte 02

A vivência na nova residência estava indo muito bem, e com pouco mais de 1 ano que estava naquele mundo louco e novo, já tentando uma adaptação para minimizar o sacrifício de estar tão longe da minha verdadeira residência, fui a um local coletivo onde o tempo de vivência naquela terra era muito parecido entre seus frequentadores. Haviam mulheres mais experientes para nos orientar no enorme desconhecido que nos encontrávamos, e tentavam fazer isso de forma agradável, nos dando uma certa liberdade de conhecer as coisas e de nos conhecer também.

Mal tive tempo de me adaptar àquela nova vida, o casal se deslocou para uma nova cidade, distante daquela única que conhecia, e muito mais movimentada também. Sem confiar em mais ninguém, e com um convite indireto deles para acompanhá-los, eu fui junto. O homem conhecia algumas pessoas no novo local e saíamos muito. Perto de onde passamos a morar, havia um centro de encontro coletivo, como o que eu já havia frequentado na primeira morada, e passei a ir todos os dias. Sempre que eu chegava ao lugar, que possuia um estacionamento na frente e um prédio ao fundo, cercado apenas com tela de metal, via via homens e mulheres de existência igual a minha, mas não do mesmo lugar, se lamentando com veemência sobre sua estada temporária, que só durava até o final do dia, mas mesmo assim manifestavam sua insatisfação. Não entendia o motivo daquilo e observava sem compactuar com tal atitude. Porém, um belo dia, resolvi fazer aquilo. Não me pergunte a causa, que nem eu sei explicar direito tamanha idiotice, mas como via todos fazendo, quis ver o resultado final. Não fez diferença nenhuma em minha vida, e comecei a perceber que realmente havia algo diferente comigo, que me diferenciava da maioria dos frequentadores daquele mundo.

Um dia ganhei do casal um veículo, movido a tração animal, mas que tinha quatro rodas, o que facilitava a minha humilde locomoção. Gostei daquele veículo, mas confesso que duas das quatro rodas me incomodavam, e como via a maioria daqueles meios de locomoção apenas com duas rodas, tentei imitar os que já possuiam tamanha habilidade, o que não era nada fácil.

Certo dia fomos visitar os consanguíneos do casal, e andamos muito mais do que eu estava acostumado, se tornando um trajeto cansativo, tanto que dormia em grande parte dele. Eram tantas pessoas que custei a saber quem eram para identificá-los. E os membros só aumetavam, o que dificultava conhecê-los em sua totalidade, mas sabia o que significavam e que eram amigos, e acabei embarcando naquela bagunça saudável, e meus meios de comunicação estavam mais adaptados fazendo com que as pessoas me entendessem mais.